quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Avarento de Molière
































Este espectáculo do Ensemble-Sociedade de Actores está em cena no Teatro Carlos Alberto/TECA até 20 de Dezembro, de terça a domingo sempre às 21,30h. As lotações têm estado esgotadas por isso reserve com antecedência o seu bilhete.

Um sério divertimento
Ensemble – Sociedade de Actores

Os grandes autores da literatura dramática inscreveram-se desde o início nas nossas prioridades.

Em 1997, a nossa primeira co-produção com o TNSJ foi com De Pirandello a Eduardo, sob a direcção de Toni Servillo, e logo a seguir inaugurámos o Grande Auditório do Rivoli com A Tragédia de Coriolano, de Shakespeare, sob a direcção de Jorge Silva Melo; mais tarde, em 2002, Hamlet, de Shakespeare, com encenação de Ricardo Pais. Depois Tchékhov, Beckett, Ibsen.

A dinâmica de investigação, que é, afinal, o quotidiano da Direcção do projecto Ensemble – Sociedade de Actores, determina um percurso de reflexões e interrogações sobre todos os aspectos da cultura teatral: sobre as novas abordagens, os públicos em formação, as oportunidades, o plano evolutivo dos agentes criativos, das pessoas, etc.

É nesse percurso, iniciado muito a montante do lançamento do projecto, que chegamos a cada escolha, que chegámos a Molière, a O Avarento. Quando sentimos que há, nos últimos anos, um olhar novo sobre Molière, uma nova relação dialéctica entre este genial observador de costumes e o público.

Queremos perceber como jogam hoje em cena os seus beatos que não acreditam em deus, os seus médicos de pouca fé na medicina, os seus advogados que enganam a lei, os seus críticos que não sabem distinguir o bom do mau, os seus pedantes que se servem da ciência para as honrarias do seu prestígio pessoal, as suas mulheres que professam o amor à literatura e ao conhecimento em puro exercício de snobismo, os seus poetas que trocam insultos como vulgares lacaios. Todo um rol de personagens cujas acções contradizem as palavras. Podemos fazê-los jogar em sátira social sem as limitações que Molière encontrou na sua época, com a mesma crença que ele tinha de que o Teatro tem uma vocação moral. Três séculos e meio mais tarde, todos os seus arquétipos continuam a encontrar correspondência nas pessoas que vemos, ouvimos e lemos. Sirvamo-nos deles para atacar o que eles representam, como quis Molière, mas sobretudo criando um sério divertimento.

Reler a avareza de Harpagão, reler a ganância dos homens, dos respeitáveis homens de negócios é a oportunidade quase irónica em anos de crise financeira global.

Dedicamos este espectáculo à memória do nosso querido colega e amigo Jorge Vasques.

1 comentário:

  1. Este é realmente um espectáculo a não perder. Fui vêr na semana passada e gostei mesmo muito.
    É um prazer ir ao teatro e vêr um grande espectáculo! Mais uma vez, parabéns a todos!!!

    Rui Spranger

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